Em 1885, na Conferência de Berlim, as potências europeias partilham a maior parte da África. O território do atual Burundi é entregue à Alemanha. A chegada dos colonos alemães, a partir de 1906, agrava antigas rivalidades entre os hutus (maioria da população) e a minoria tutsi, que exercia um poder monárquico. Os tutsisPrimeira Guerra Mundial, o Burundi é unificado com a vizinha Ruanda, ficando sob tutela da Bélgica, que mantém as prerrogativas dos tutsis. Em 1946, a tutela passa para a Organização das Nações Unidas (ONU).
ganham status de elite privilegiada, com acesso exclusivo à educação,
às Forças Armadas e a postos na administração estatal. Após a
Em 1962, o país torna-se independente, sob monarquia
tutsi. Com a saída da força militar belga, a luta pelo poder
transforma-se em conflito étnico e alcança toda a sociedade. Os
ressentimentos acumulados desde o período colonial explodem em 1965, quando uma rebelião hutu é esmagada pelo governo. No ano seguinte, a monarquia é derrubada por um golpe de Estado liderado pelo primeiro-ministro, Michel Micombero,
que proclama a república e assume a Presidência. As décadas seguintes
são marcadas por uma sucessão de golpes de Estado e intrigas palacianas
entre os tutsis e pela perseguição aos hutus. Rebeliões entre 1972 e 1988 causam a morte de dezenas de milhares de pessoas.
Uma das piores matanças da história do Burundi tem início em outubro de 1993, quando oficiais tutsis fuzilam o primeiro presidente eleito democraticamente, o oposicionista hutu Melchior Ndadaye,
no cargo havia quatro meses. Os hutus reagem e tem início a guerra
civil, que dura até hoje, na qual morreram mais de 200 mil pessoas e
mais de 1 milhão se tornaram refugiados, boa parte em Ruanda, Tanzânia e República Democrática do Congo.Em fevereiro de 1994, o hutu Cyprien Ntaryamira é escolhido para a Presidência. Dois meses depois, Ntaryamira e o presidente de Ruanda, Juvénal Habyarimana,
são mortos num atentado que derruba o avião no qual viajavam. É o
estopim para uma nova fase de violência em Burundi e sobretudo em
Ruanda. É formado, em setembro de 1994, um governo de transição
chefiado pelo hutu Sylvestre Ntibantunganya.
Os embates prosseguem até que o Exército, dominado por tutsis, dá um golpe de Estado, em 1996, e nomeia presidente o major Pierre Buyoya, que já governara de 1987
a 1993. Nações vizinhas impõem sanções econômicas e isolam o Burundi.
Piora a situação do país, cuja base econômica, a agricultura, é
arrasada pela guerra. O déficit público cresce e a dívida externa passa
a consumir mais da metade do valor das exportações. Em 1998, começam as negociações para um processo de pacificação no Burundi.
Douglas Rodrigues Leal-481